De quem é a kafta???

Vida de família de fotógrafo é bem tumultuada. O papai sai de casa cedo e chega a noite; e nos finais de semana também está sempre trabalhando. São poucas as oportunidades que temos para fazer um programa em família , os quatro juntos.
Sexta-feira, felizmente, foi um desses dias. O papai foi fotografar o espetáculo Peter Pan e levar as meninas para passear. Chegamos ao teatro, tudo bem. Maria se encantou com os atores voando e Angelina não deu um piu sequer – por alguns momentos eu olhava para ver se ela estava dormindo e os olhos estavam muito abertos assistindo tudo.

(Encontramos a Gisela por lá, demos carona até a casa dela. Foi tudo bem no carro, distraindo poucas manhas com brincadeiras e conversas).

Antes de ir pra casa decidimos parar no espetinho que tem ali perto.
Papai pediu seus espetos e uma cerveja. Mamãe idem. Pedimos suco pras crianças, mandioca, vinagrete, etc.
A Angelina toda serelepe abrindo um bocão pra comer (ela é boa de garfo) e a Maria, tranquila, comendo uma kafta.
Até o momento que a Maria resolveu colocar a kafta na boca da Angelina pra ela dar uma mordida. Ela, obviamente, gostou e quis mais. E depois mais. Até que quis segurar o espetinho e não devolveu.
O papai então, muito rápido, pediu outra kafta novinha e quentinha pra Maria. Só que ela nao quis.
Não vou comer uma inteira“.
O papai, com paciência, cortou a metade da kafta pras duas ficarem do mesmo tamanho e deu pra Maria – que já estava com os olhos cheios de lágrimas.
Quero a minha“.
Tentamos trocar com a Angelina que continuava segurando seu espetinho com força e mordendo a kafta.
Numa distração da Angelina, a Maria ficou com os dois espetinhos nas mãos. Misturava os dois e tentava dar o novo pra Angelina que só chacoalhava a cabeça “não, nãaaao“.
E, numa distração da Maria, a Angelina grudou os dois espetinhos. Uma kafta e cada mão, intercalando as mordidas.
Eu pedia e ela gritava “é miiiii” (= é minha).
Nisso o pai, que já tinha perdido a paciência, olha pra mim e diz “você é mãe, resolve“.
Continuei tentando mas era impossível.
Por sugestão do pai acabei indo pra casa a pé com a Angelina e as duas kaftas. O Dan e a Maria ficaram por lá até terminarem de comer.
Em casa a Dory olhava alucinada pras kaftas e a Angelina continuava intercalando as mordidas e, quando percebia o olho grande da gata, gritava: “é miiii“.
Ela comeu a primeira kafta inteira e deixou só um pedaço da outra.

No dia seguinte o papai foi trabalhar logo cedo. Eu tinha muita roupa pra lavar e as duas dentro do apartamento. Optei por deixá-las sozinhas numa tentativa de “são crianças, que se entendam“. Acho que funcionou melhor. Brincaram o dia inteiro com poucas discussões.

Tenho muitas dúvidas sobre como agir. O Dan acha que a Maria está errada porque ela é grande e tem que ceder sempre. Eu tento amenizar tudo, acho que a Maria já “perdeu” muita coisa com a chegada da irmã.
Tudo que a Maria pega a Angelina quer. A Maria dá, pega outra coisa e, imediatamente, a Angelina quer a outra coisa. E isso se repete com 2, 3, 5, 10 brinquedos. A Angelina só quer o que está na mão da Maria.
Por outro lado, a Maria provoca. Pega aquilo que ela sabe que a Angelina não quer que pegue e começa a gritaria do “é miiii“.

O que é mais fácil resolver: a pirracenta ou a birrenta???

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